A IMPORTÂNCIA DE ESTAR PRESENTE NO MOMENTO PRESENTE!
“Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento” (Clarice Lispector)
A vida na sua silenciosa rotina
de rituais. Imperceptíveis, mas lá estamos, substituindo o prazer de
espreguiçar e refletir sobre como será o nosso dia, por um brilho intenso no
rosto, acompanhado das mais diversas necessidades, ou mesmo, prazeres. A
necessidade em estarmos presentes em nós, conectados a nós, se faz urgente. É
preciso conexão para vincular a energia corretamente, então como, de forma
desconexa, queremos estar presentes onde não estamos verdadeiramente
conectados?
Clarice Lispector nos brinda com
palavras que parecem sussurros de um mundo mais fundo — aquele que pulsa por
trás de algum tipo de razão. Despretensioso aos julgamentos, tudo fica leve
quando não se exige um absoluto entendimento.
Talvez a vida nunca tenha
prometido explicações. Talvez, no silêncio entre perguntas e respostas, more
justamente o que importa: o instante que pulsa, o arrepio do inesperado, o riso
que explode sem porquê.
Tentamos compreender tudo,
rotular emoções, organizar afetos em prateleiras mentais. Mas viver, de
verdade, não cabe em teorias. Viver é a tal desordem bonita. É caos fértil. É
presença. Na busca por entender, acabamos por perder o tempo do próprio viver.
Há coisas que só o coração
entende — e mal. Há caminhos que só se revelam ao pisar – e forte. E há dores
que não fazem sentido algum – e perduram, mas transformam como nenhuma lógica
seria capaz… Os mistérios do tal viver…
E talvez seja isso: dançar com o
desconhecido, abraçar o que escapa, deixar que o tempo nos decifre, aos poucos,
no ritmo do nosso próprio sentir, permitindo ao tempo o estar presente nele. Se
a sua tarefa é, por exemplo, subir em uma árvore, não se distraia com os carros
que passam na rua, concentre-se em seu momento presente, planeje sua escalada!
A Comunicação Não Violenta (CNV), proposta por Marshall
Rosenberg, nos convida a estarmos inteiros em cada interação. Isso significa
escutar não apenas as palavras ditas, mas também os sentimentos e necessidades
que estão por trás delas — os nossos e os do outro. Mas para que essa escuta
aconteça de forma genuína, é preciso estar aqui, agora. Não no julgamento, não
na preparação da resposta, não na distração interna.
Quando estamos presentes, reconhecemos o outro como legítimo
em sua existência e expressão. Abandonamos automatismos, interrompemos padrões
reativos e abrimos espaço para o diálogo autêntico.
Estar presente é também um gesto de autocuidado. É dizer a
si mesmo: “o que estou vivendo agora importa”. É olhar nos olhos, respirar
fundo, acolher a si e ao outro com compaixão. É onde a palavra vira encontro, e
o silêncio vira escuta.
A presença não exige perfeição, mas disposição. E é nessa
escolha cotidiana — de estar inteiro onde os pés estão — que semeamos relações
mais respeitosas, conscientes e amorosas.
Professoras Doutoras Ana Maria Soek e Emanuelle Milek