Você sabe o que é Brain Rot?
A modernidade líquida, conceito desenvolvido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, descreve uma fase da sociedade contemporânea marcada pela fluidez, instabilidade e incerteza. Para Bauman, vivemos em tempos em que nada mais é feito para durar.
O termo “líquida” é utilizado justamente para ilustrar a dificuldade que temos hoje em manter formas fixas. Assim como os líquidos não conservam uma forma própria e se moldam ao recipiente que os contém, nossas vidas sociais, afetivas e profissionais tornaram-se moldáveis, frágeis e muitas vezes descartáveis. Nessa liquidez, vínculos humanos são cada vez mais frágeis e utilitários; amizades e relações são regidas por interesses imediatos e pelo medo do comprometimento. A ideia de estabilidade — seja nos afetos, na identidade ou no trabalho — é substituída por uma busca incessante por flexibilidade, adaptação e novidade.
Portanto, tem-se um retrato lúcido de um tempo em que tudo muda o tempo todo, em que a velocidade substitui a profundidade, e em que a permanência se tornou quase uma exceção. Nesse ínterim, um novo termo, uma nova realidade saltando às nossas mãos e olhares: “Brain rot”, um desequilíbrio real do nosso modo de consumir informações, bem como nos nossos relacionamentos com o mundo digital. São tempos de estímulos constantes, onde proteger nossa atenção, nossa escuta, nossa memória, ou mesmo nossa presença emocional torna-se um ato de resistência e de cuidado… Estranho, não? Nossa mente tem deixado de lado coisas importantes do mundo social e relacional, em substituição à uma linguagem rotativa de expressões supérfluas de diferentes sentidos e sentimentos, numa constância frenética de alternações.
Se ao fim do dia ficamos esgotados?
Óbvio.
Cada vez nos comparando a padrões inatingíveis e a vidas irreais… Como ser feliz comparado à inexistência criada tão perfeita pelo outro?
O apodrecimento cerebral, sim… Termo forte, mas que condiciona toda uma massa ao consumo imediato da dopamina para atender ao prazer momentâneo, para condicionar a um padrão constante de comportamento, que só aumenta, que só quer consumir mais e mais. Na constância frenética de um padrão cíclico.
Professoras Doutoras Ana Maria Soek e Emanuelle Milek
