NOMOFOBIA E PROIBIÇÃO DE CELULARES NA ESCOLA – Reflexões Necessárias

A Língua Portuguesa, como organismo vivo, se adapta constantemente às transformações sociais e tecnológicas. Uma das mais recentes edições ao nosso vocabulário é a palavra nomofobia, termo que define o medo irracional de ficar sem o celular. Derivado do inglês nomophobia (no mobile phone phobia), o conceito reflete uma dependência crescente dos dispositivos móveis, que afeta desde o comportamento individual até as dinâmicas sociais e educacionais.

No entanto, a decisão levanta questionamentos. Em um mundo digital, excluir completamente os celulares da sala de aula pode ser uma decisão que desconsidera o potencial pedagógico dessas ferramentas. Aplicativos educacionais, acesso rápido a informações e a possibilidade de desenvolver competências digitais são aspectos que poderiam ser melhor aproveitados dentro do contexto escolar. Além disso, para muitos alunos, o celular também representa um canal de segurança e comunicação com a família.

Mais do que apenas uma questão de produtividade acadêmica, uma reflexão sobre a nomofobia e o uso consciente da tecnologia deve envolver aspectos relacionados ao desenvolvimento socioemocional. O contato excessivo com telas pode comprometer o desenvolvimento de habilidades essenciais, como a empatia e a escuta ativa. Quando as interações virtuais se sobrepõem às presenciais, os estudantes podem ter dificuldades para interpretar expressões verbais, compreender sentimentos e desenvolver diálogos significativos. Assim, a escola tem o papel não apenas de limitar o uso dos celulares, mas de fomentar práticas que estimulem a comunicação interpessoal, o olhar atento ao outro e a capacidade de ouvir com presença genuína.

O desafio, portanto, é equilibrar os benefícios da conectividade com a necessidade de desenvolver autonomia e discernimento nos estudantes. A escola, como espaço de formação integral, deve preparar os jovens para lidar com a tecnologia de forma crítica, sem que se tornem reféns dela. Afinal, educar para o futuro não é apenas restringir o uso de celulares, mas ensinar a utilizá-los de maneira responsável, inteligente e humanizada.

Autoria: Doutora Emanuelle Milek, Editora e Professora na Universidade Federal do Paraná.

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